“JPIC” significa Justiça, Paz e Integridade da Criação. É um movimento nascido no seio da Igreja Católica Apostólica Romana. Embora fundamentado em passagens bíblicas, tem origem histórica na encíclica social Rerum Novarum (= Das Coisas Novas), do Papa Leão XIII, em 1891. Um jeito novo de viver a fé e Cidadania num mundo cheio de contradições. Como diz o Salmo 85: “Justiça e Paz se abraçarão”. E “A justiça andará na frente e a Salvação seguirá seus passos”. Após o Vaticano II a Igreja Católica organizou as pastorais para a Evangelização. E convidou as congregações a colocar em prática todas as decisões do Vaticano II.
Uma das grandes linhas de ações foi a criação pelas Congregações, e pelas Dioceses as COMISSÕES DE JUSTIÇA E PAZ que ficou conhecida nas Congregações como JPIC- Justiça, Paz e Integridade da Criação.
A Comissão Brasileira Justiça e Paz nasceu, no Brasil, como uma extensão da Comissão criada em Roma após o Concílio Vaticano II. Na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, o Concílio indicou que julgava “muito oportuna a criação de um organismo da Igreja universal, com o fim de despertar a comunidade dos católicos para que promovam o progresso das regiões indigentes e a justiça social entre as nações. https://www.dhnet.org.br/direitos/cjp/historia.htm.
Assim, surgiram vários documentos e declarações do que significa a JPIC. Por exemplo, Os Missionários do Verbo Divino (SVD) em seu capítulo em 2006, afirmou: “A atitude básica da JPIC é a de nos comprometermos com transformação da sociedade e do mundo, analisando estruturas injustas e promovendo a dignidade humana, bem como a preservação do meio ambiente, em vez de guardar silêncio diante das tragédias humanas e da violência ao meio ambiente, que continuam a afligir o nosso mundo”. Assim, confirmamos que o espirito profético, nos membro das Igreja estão comprometidos com o trabalho na promoção da unidade e da justiça, para vencer o egoísmo e o abuso do poder, em solidariedade com os pobres e os oprimidos no compromisso com a justiça, paz e integridade da criação. Por isso, são fiéis ao mandato de Cristo e sua opção pelos pobres. Os pobres e os excluídos ocupam um lugar privilegiado no Evangelho. Se a igreja esquece a opção pelos pobres, esqueceu o evangelho” (Dom Pedro Casaldáliga). Através da JPIC nos comprometemos com a Palavra profética, que anuncia a paz, a justiça e a transformação de toda a criação.

JUSTIÇA RESTAURATIVA
A Justiça Restaurativa é uma das ferramentas essenciais, em busca de solução dos problemas e uma ação praticada de mediar os conflitos, e com isso chegaram os no caminho do perdão e reconciliação. Nas localidades Oriximiná e Trairão em Santarém, estamos aplicando a formação da justiça restaurativa nas delegacias e nas escolas. No Brasil, cada ano no dia 7 de setembro o povo brasileiro comemora dia da independência. Neste dia, como agente da JPIC e paroquia, oferecemos ao povo a formação de fé e cidadania em preparação para o Grito dos excluídos. O objetivo é lutar e dar voz aos excluídos e ao povo sofrido, pobre e desempregado, para que os seus direitos sejam garantidos, sua voz e vez, e seu espaço na sociedade, como também, construir relações igualitárias que respeitem a diversidade, cultural, racial, religiosa, língua e brotar a esperança para um mundo melhor.
Em muitas Congregações Religiosas existem um secretariado de Justiça, Paz e Integridade da Criação. Este secretariado tem como missão despertar entre nós e em nossas comunidades, uma consciência de uma justiça de dar às pessoas o que lhes é devido, promover uma paz para que as diferenças de ações e pensamentos sejam motivos de união e afirmar que somos integrados a toda criação. Estes valores da paz e o cuidado da criação são partes essenciais da espiritualidade cristã. E no Evangelho de Lucas encontramos: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano da Graça do Senhor.”(Lc 4,18-19). Nós temos que participar ativamente em busca de uma transformação do Reino de Deus aqui na Terra e não colocarmos como uma visão distante de nossa realidade.
Objetivos específicos das JPIC
– Desenvolver na comunidade acadêmica o espírito de solidariedade e ajuda ao próximo;
– Desenvolver a participação comunitária;
– Formar cidadãos conscientes;
– Trabalhar o tema da Campanha da Fraternidade.
Movimento em defesa do rio Xingu contra a barragem do Belo Monte
(Neide, Pe. Patricio Brennan, svd e Pe. José Boeing, svd).
Enfim, a Igreja do Brasil e as Congregações Religiosas da CRB promovem a dimensão da Fé e vida, através da JPIC que tem seu fundamento na Bíblia e na Campanha da Fraternidade. Por exemplo , em 1996, com o tema bíblico “Justiça e Paz se abraçarão”. A paz e a justiça juntas compõem o mais promissor dos cenários, o verdadeiro reino de Deus na Terra. O tema daquela Campanha da Fraternidade procurava contribuir para a formação política dos cristãos, no exercício pleno da cidadania, atuando como sujeitos da construção de uma sociedade justa e solidária”. Diante disso, O artigo – “Promover a Justiça e a Paz. Tarefa primordial para a Vida religiosa” -, de Fr. Carlos J osaphat, OP, trata com maestria a candente questão da Justiça e da Paz na sociedade desigual e violenta de hoje. Evocando algumas das grandes intuições do Vaticano II e de documentos da Igreja voltados aos problemas primordiais da humanidade, o autor apresenta uma rica e desafiadora proposta para a Vida Religiosa na linha da construção de uma sociedade justa e solidária, espaço de convivialidade na paz e no mútuo respeito entre povos e nações, grupos e indivíduos.
https://crbnacional.org.br/wp-content/uploads/2002/06/junho2002.pdf
A JPIC através da CRB Nacional possui uma comissão que quer somar todas as Congregações que atuam na dimensão sociotransformadora da fé. Temos uma coordenação que representa as cinco grandes regiôes do Brasil, assessorada pelo Setor Missão da CRB Nacional. Por isso queremos ampliar nossa rede de solidariedade e ação da dimensão social da fé pelo vínculo da REDE NACIONAL DA JUSTIÇA E PAZ unida com as Comissões de Justiça e Paz das Dioceses do Brasil. A partir dessa atuação na base temos a JCOR- Colisão dos Religiosos/as pela Justiça, com 22 Congregações filiada na ONU para os Direitos Humanos e somado a VIVAT Internacional que são 12 Congregações. JPIC na base e JCOR-VIVAT a nível internacional, somos fortes em defesa da vida, dos povos e de seus territórios.
Pe. José Boeing, svd – Coordenador da JPIC da CRB Nacional